A compaixão é geralmente experimentada como um “sentir com o outro” em face de suas aflições. É deixar-se mover pelo agir que constrange, que impele, impulsiona , pois a compaixão deita o olhar e o coração para o outro. É uma atividade dinâmica que motiva e renova a mente e o coração em relação ao outro a partir do conhecimento de sua própria miséria humana.
Quem se compadece, de fato de tal modo, que o afeto se faz compatível com a
situação de carência do outro, aproximando o sujeito do próximo que padece. Assim, o afeto sem este movimento não seria a compaixão, pois a compaixão se lança na ternura para com o outro. Por isso, a compaixão favorece a prática da misericórdia, uma vez que é um sentir
que move à solidariedade. Do sentir ao praticar, a compaixão dá um passo e se faz obra de misericórdia.
Sem misericórdia o movimento afetivo da compaixão seria um sentir estéril e incompleto, que não encontrou o
seu sentido. Enquanto que, sem compaixão, a misericórdia perderia seu afeto, dissociada do coração e
motivada, unilateralmente, pela superioridade daquele que ajuda o necessitado, visto como inferior.
São Gilberto ao longo de sua vida pode fazer esta profunda reflexão em sua própria existência humana para poder compreender com o coração a fragilidade do outro. Foi com o desejo de que o vissem ternura que o motor de sua ternura o conduz para uma viva relação de afeto e misericórdia para com o próximo.
Compaixão, misericórdia e ternura se repartem entre si, se aliam à piedade, justiça e solidariedade e,
assim, cooperam mutuamente na edificação de uma humanidade reconciliada e feliz.Viver a proposta evangélica da caridade é permitir que este triplo caminho se interliguem de tal forma harmonicamente que se torna impossível viver um sem experimentar o outro.
A santidade dos filhos de Deus permeia por este itinerário. São Gilberto vivenciou em sua própria existência. A ternura é uma atitude espiritual que aquece e conforta o coração machucado e atribulado, o leva ao movimento da compaixão, sentir a dor e a necessidade do outro, não apenas numa atividade meramente altruísta, mas numa profunda razão do ser como o próprio olhar de Deus que se revela no olhar de Cristo.
Quando vemos a história de acolhida que São Gilberto revelou aos pequenos de seu tempo, podermos ver claramente este movimento dinâmico de um cuidado que acolhe no colo e remete á uma relação afável e cálida. São gestos de misericórdia que conduzem a vida do discípulo à imitação ao Cristo Mestre e Senhor.
As atitudes de ternura, compaixão e misericórdia passam pelo abraçar, acolher,olhar, sentir com o outro, consolar, servir, observar, e sobretudo, amar sem rejeitar a vida e a história do outro. São os gestos de Cristo continuados na vida do discípulo que se torna missionário da ternura de Deus para o outro. Assim viveu São Gilberto no seu tempo e nos ajuda em nosso tempo.
Experiências de compaixão, misericórdia e ternura são sempre uma “boa notícia”, e como tais devem se tornar cada vez mais proclamadas na vida dos que se sentem atraídos por este amor incondicional, à "caridade que nos impele" (cf. 2 Cor. 5,14)).
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