domingo, 27 de maio de 2018

São Gilberto e a escola



            Foi ao término do reino de nosso primeiro William que Gilberto nasceu, mas o ano exato é desconhecido.1 Seu pai, senhor Joceline, era um cavaleiro normando, e um bom soldado, cujos serviços tinham sido recompensados por muitos donativos de terra no condado de Lincoln, e especialmente com o senhorio de Sempringham naquele condado. Ele era provavelmente um dos cavaleiros, ou nobreza inferior do reino.2
         Sua mãe era uma senhora saxônica, um filha de um proprietário livre, e da mesma linha de seu marido. Ele é assim em primeira instância da mistura dos sangues normando e saxão, e assim, como ser visto mais tarde, seu caráter tinha algo mais da simplicidade da raça de sua mãe, ainda que certa jornada aventureira no continente mostrasse que ele tinha também alguns do espírito dos homens de sua família, que vieram desta terra para ganhar a Inglaterra, o sul da Itália e a Sicília.
Mas pouco é conhecido sobre seus pais, e eles logo desaparecem de sua história, assim que muito provavelmente morreram antes de ele ter atingido a idade da masculinidade. Tudo isso aparece de seu cronista é, que eles viveram em seus estados “no meio de seu povo”. Um pouco antes de seu nascimento, é dito que sua mãe sonhou que a lua tinha descido do céu, para repousar sobre seu seio; e seu discípulo viu nisto um presságio que sua infância, fraca, doentia e repugnante como o crescente da nova lua, era destinado pela graça do Sol da justiça a expandir em plena forma da órbita da claridade.
Em todos esses eventos é certo que, como criança, ele não era o favorito com aquilo sobre ele. Suas recordações de sua infância, como ele usava depois, em extrema idade adulta, para contar aos seus cônegos, eram muito dolorosas. Ele era fraco, singelo, e tímido; seu pai não via nele nenhuma qualidade, nem de mente, ou corpo, para torná-lo um soldado. Ele era assim, “por divina providência, em sua jovem idade”, destinado para ser um clérigo; não tinha sido em sua infância doentia, ele podia ter sido em todos seus dias um barão estúpido, gastando todo seu tempo em tristeza, com armadura em suas costas. Ainda aqui, entretanto, ele não parece em princípio ter encontrado seu ambiente; como muitas crianças ele desgostava de seus livros, e por um longo tempo ele parece ter sido permitido ficar fora de si como ele queria. Seus traços eram doentios, e nada é dito em sua história sobre o amor de sua mãe.
Ele era visto um pouco mais do que um idiota, e ele costumava dizer de si mesmo que os muitos servos podiam duramente sentar à mesa com ele tão era negligenciado e desprezado. Assim Deus protegeu-o da falsidade das riquezas, por isto é expressamente dito que seu pai era um homem rico. Ele foi nutrido na escola da pobreza e humilhação, e a aparência triste de sua doentia e desagradável infância apoiou-se sobre ele através de sua vida, moderando o desejo de prosperidade.
            Com é freqüente o caso com crianças melancólicas, as reprovações de seus amigos, ou da expansão natural de sua mente, produziu uma reação repentina, e ele começou a aplicar a si mesmo a estudar. Seus pais vendo-o tomar seu turno determinaram enviá-lo a Paris;1 de lá então no princípio da juventude ele foi, para os principais centros de ensino na Europa. Nossa própria Oxford, entretanto mais antigo como centro de ensino que Paris, não tinha ainda atingido sua celebridade.
Ela era uma forte e bela cidade, com seus castelos erguendo-se alto no meio dos cursos de água com tudo sem fechá-los,2 mas isto era então melhor também como proteção bélica para ser um grande centro de estudos, e tinha que estender também muitos sítios ante os ataques eminentes. Nem, de fato, era Oxford mesmo um centro intelectual da Europa, como era Paris; assim o Arcebispo de Cantuária era “o Papa das longínquas terras”, assim tinha Oxford um mundo próprio, com intelectuais tão ativos quanto perspicaz como qualquer um que regia nas escolas do continente. Mas Paris tinha, mesmo nos tempos de Gilberto, suas quatro raças, uma das quais incluía também o extremo oriente.3  Para Paris então e não para Oxford, foi Gilberto; e ele podia, tinha agradado-o, ter  encontrado alimento suficiente para sua curiosidade, para as disputas entre  os Realistas e os Nominalistas que tinham começado já a serem ouvidos nas escolas de Paris. Roscelinus, o oponente de Santo Anselmo, tinha ensinado em Pari; e lá estava uma pessoa naquele tempo na França cujo nome tinha se difundido tanto como chefe dos Nominalistas.
Pedro Abelardo era ainda um jovem, embora cerca de dez anos mais velho que Gilberto. As carreiras dos dois, entretanto, seriam muito diferentes; as condições das escolas eram banidas da vida de Gilberto; e não é conhecido quem era o seu mestre, se Bernardo de Chartres, ou William de Champeaux, ou Abelardo mesmo. Nada, entretanto que ele era em tempos depois, um professor distinto na Inglaterra, mas isso não era a vontade de Deus que o intelecto pudesse ser a mais proeminente parte de seu caráter.     Tudo isso é dito de seus estudos na escola de Paris é, que ele completou por sua diligência pelo desperdício de seus primeiros anos, e “recebeu um talento abundante de aprendizagem”. Mas provou ser uma boa escola de disciplina para ele, e uma mudança marcou o acontecimento de seu caráter; ele tinha que lutar pela pobreza, porque seu pai, apesar de toda sua riqueza, deu, todavia um pobre sustento ao seu filho que o tinha desapontado. De novo, em meio a todos os perigos que o cercavam, por uma severa pureza, ele ofereceu seu corpo como um sacrifício ao Senhor, e assim a graça de Deus treinou-o para o trabalho que ele estava destinado a realizar na Igreja.
            Não é conhecido quanto tempo ele permaneceu em Paris, mas ele retornou à Inglaterra com o grau de mestre e com licença para ensinar.1 Ele não era daqueles que permaneceram sobre as montanhas de Santa Genoveva, disputando repetidas vezes novamente sobre as velhas questões, que eram para ser encontradas por seus amigos depois de um longo ano depois sem um pouquinho avançado do ponto de onde eles começaram. Nem ele reparou como fez muitos estudantes naqueles dias, a Salerno, para exercitar mais tarde a mais proveitosa arte da medicina. Nem de novo ele procurou as cortes de rei ou prelado para fazer sua fortuna. Ele nem mesmo procurou o claustro, muito menos lá, como disse o secreto satírico 2 das escolas, conter seu coração orgulhoso sob o capuz de São Bento e libertar a si mesmo da disciplina conventual, por mantendo sua velha profissão. Ele retornou para a Inglaterra, para seu lar na casa de seu pai, e abriu uma escola, ou, para dar a si mesmo seu próprio título, ele tornou-se um mestre regente.
            Neste tempo, um mestre de escola era um gomem de grande importância; sua pessoa era tão inviolável quanto à de um clérigo,3 e ele era considerado como um personagem meio eclesiástico. Este ofício era o passaporte para o favor de reis e para a dignidade eclesiástica. Dois regentes de escolas de Bec neste tempo sucessivamente sentaram-se nos tronos de Cantuária; Geoffrey, o mestre de escola de Santa Catarina, tornou-se abade de Santo Albano, onde uma grande biblioteca 4 tinha recentemente sido armazenada nos armários pintados por Paulo, o primeiro abade normando, e uma terra inteira reservada para sua manutenção. A educação no país estava então encarregada sobre as velhas escolas que tinham sido conectadas com os mosteiros e as catedrais e outras igrejas.5 Ninguém poderia ensinar sem uma licença, e isto era para ser obtido de qualquer mestre que ele mesmo era o administrador de uma escola. 6 
             Algumas vezes um secular regia uma escola de monges, e um monge podia reger uma escola secular,1 mas todas estavam sob o controle e o patrocínio da Igreja, como os decretos para sua proteção testifica 2  e isto era considerado quase simonia para levantar dinheiro para uma doação para uma escola, e ninguém podia mesmo alugar sua escola para um outro mestre. As universidades estavam continuamente enviando mestres, que montavam escolas para si mesmas; e a igreja o mais rápido possível, nos tempos do Papa Alexandre III, fortalecia as autoridades das velhas escolas, em ordenar que cada capítulo da catedral pudesse reservar um benefício para o mestre da escola, “porque a igreja de Deus, como uma mãe pia, é obrigada a providenciar para o pobre, a fim de que a oportunidade de leitura e salutar a eles mesmos pudesse levar longe deles”. Ao mesmo tempo, o mesmo papa 3 encoraja até o máximo para o estabelecimento de novas escolas, onde os mestres poderiam necessariamente ser pagos pelos alunos, por medo sob um anátema de algum dignitário da catedral de extorquir dinheiro para uma licença, de alguns daqueles que desejavam organizar uma escola, provido ele de apenas o necessário.
            Desta maneira estava a situação na qual Gilberto estava localizado; ele tinha que achar seu jeito de volta ao lar de sua juventude, onde ele viveu negligenciado e desprezado, mas ele era agora muito mais uma pessoa importante do que quando ele partiu e era considerado por seu pai como um filho degenerado. Agora todo o condado a redor, de uma grande distância, vinham para ouvir o novo doutor de Paris. Não apenas garotos estavam sob seu cuidado e jovens tornaram-se seus ouvintes, mas garotas e senhoras também vinham para ser instruídas por ele.  Mulheres não estavam em atraso no entusiasmo intelectual neste tempo. Aprender era uma questão romântica, uma terra desconhecida, na qual mesmo as mulheres poderiam partir e fazer descobertas.  A bem conhecida Heloísa irá suceder a todas, e as filhas de Manegold, um mestre celebrado em seus dias, ensinavam filosofia para aquelas de seu mesmo sexo.
Aqui, então, Gilberto encontrou-se a si mesmo numa situação de grande responsabilidade. A obscura vila de Sempringham tinha rapidamente, através de seus recursos, levantou-se de um salto para uma ampla escola.  Seu pai não mais o via como um descendente indigno, e encontrou aquilo que ele podia ser beneficamente e mesmo honestamente empregado sem quebrar ossos em torneios o caça e caçadas em suas terras.  Ele por essa razão, ao invés de abandoná-lo para juntar aos poucos uma subsistência precária de seus alunos, apoiados por ele com suas posses, e isto capacitou Gilberto a assumir uma autoridade sobre seus alunos, que ele não poderia de outro jeito ter mantida. Ele caminhava vestido como o filho do senhor de Sempringham, mas todo o tempo ele era um coração de monge, e ele começou imediatamente a formar seus alunos em associação, que poderia salvá-los dos perigos nas quais as situações os expunham. Não contente em ensiná-los o trívio 4 e o quadrívio, ele tornou-se seu guia espiritual, e sujeitava-os a uma espécie de disciplina monástica. 
  Conhecendo como um respiro poderia arruinar a beleza inocente da infância, e ainda como facilmente a santa disciplina pode excluir o conhecimento do mal ate que a alma esteja forte o bastante para lutar contra ele, ele ensinou-os a consagrar seu tempo todo a Deus. Os meninos dormiam juntos no mesmo quarto, onde eles poderiam ser controlados; ele ensinou-os reverência na igreja, e em certos tempos e lugares um silêncio religioso era observado, e eles tinham condicionado tempos para estudo e oração. Ele estava agora muito feliz do que ele tinha sido antes, amado e honrado em seu próprio lar, e o guia de crianças felizes e de um grupo de jovens e senhoras, que louvavam a Deus sob sua direção.












1 Ele estava com  acima de cem anos de idade quando morreu, em 1189.
2  Os Bolandistas tem supostos de que Gilberto foi conectado com Gilbert de Gant, um grande barão que veio com William, o Conquistador, cuja prima era sua esposa. Eles, entretanto, não têm nenhuma razão para dar por sua opinião, exceto que ele era chamado Gilberto, e que a família de Ghent, receberam o baronato de Folkingham, perto de Sempringham. Isto irá depois aparecer, que Joceline não era um arrendatário in capite, e, portanto não um dos grandes da nobreza do reino, e que ele recebeu as terras de Sempringham deste Gilberto. Ele é aqui chamado miles , e não comes,  e isso é observável que em outro lugar, a vida latina de Gilberto em Dugdale, diz, que Gilberto era “de plebe electus” – Vit. S. Gil. Ap. Mon. Angl., vol. Vi. Pp. 2,14. O conquistador não era por algum motivo particular como parece ser a nobreza dos homens que ele empregava, nem, de fato, eram seus sucessores, como seus filhos Henry, de quem foi dito ter sido encontrado de baixa companhia,
1 Ele é dito ter ido in Gallias, que provavelmente implica Paris. Poderia não ser Normandia, por que o autor da vida de Gilberto usa Neustria. John de Salisbury, quando ele relata sua ida afora para estudar, diz que ele foi in Gallias, e apenas aparece incidentemente que ele significa Paris.- Metalog. I. 10.
2 Gesta Stephani, p. 958.
3 Bulaeus, vol.ii. 666.
1 João de Salisbury, ii. 10.
2 Ibid. Metalog. I. 4.
3 Leis de Edward, o Confessor.  ap. Wilkins, vol. 1. P. 310.
4 Matt. Paris, pp. 1007 e 1036.
5 O decreto do Concílio de Latrão menciona outras igrejas além das catedrais. Escolas de Catedrais saxônicas são mencionadas no final do décimo século. – Wilkins, i. 265.
6 Não parece que em primeiro plano algum mestre poderia, entretanto dar uma licença, pelo menos na França, por que isto parece semelhante a um decreto de Alexandre III, que os mestres das escolas das catedrais  reclamavam o privilégio de conceder licenças, e a causa mencionada por João de Salisbury, carta 19, implica um monopólio dentro de um distrito restrito. O chanceler da Universidade de Paris é expressamente permitido por Alexandre a cobrar uma taxa, que também parece dá-lo um monopólio.
1 Matt. Par. Pp. 1007, 1039. Santo Anselmo, Ep. I. 30.
2  Concílio de Londres, A D. 1138.
3 Rescript, p. 2. Ch. 18. Ap. Mansi.
4 As três artes liberais da Idade Média: gramática, retórica e dialética. Nota do tradutor.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

São Gilberto e a mãe de Deus



       Quando lemos a história dos santos vemos todos eles com uma profunda devoção e amor a Santa Maria, mãe de Deus. Com São Gilberto não poderia ser diferente. 
         A grande maioria das suas casas religiosas eram dedicadas à Santa Maria. Certamente, São Gilberto viveu uma profunda relação de amor com a Virgem Mãe de Jesus Cristo.
        É próprio do discípulo de Jesus acolher sua mãe, afinal ele nola deu quanto estava à cruz, "Eis aí o teu filho" (Jo. 19, 27). Como seria possível amar a Cristo e não amar sua mãe que ele nos deu como nossa mãe? Simplesmente impossível. 
       Não dá para aceitar a Jesus Cristo como o nosso Salvador se não aceitamos a sua mãe. As Sagradas Escrituras, no pouco que nos falam de Maria, são o suficiente para perceber a grandeza de Maria. Só o fato de ela ser a Mãe de Jesus já diz tudo. São Gilberto como um bom padre e depois fundador de uma ordem religiosa tinha certamente este grande amor por Maria, a mãe de Jesus. 
      Celebrar e amar a Maria é reconhecer a graça de Deus em nossa própria vida, pois eis que o Senhor, depois de ter sido encontrado no Templo de Jerusalém, voltou pra casa com seus pais e era lhes submisso. (cf. Lc. 2,51). 
        As palavras dos evangelhos atestam que a escolha de Maria por Deus para gerar na história o Salvador eram bem conhecidas pelos santos de Deus e também por São Gilberto. Com certeza como grande devoto e filho da Igreja, São Gilberto esteve no santuário nacional de Nossa Senhora na Inglaterra, onde a Virgem é venerada com o título de Nossa Senhora de Walsingham. 
        Que São Gilberto nos ajude a viver uma profunda espiritualidade mariana. 

        Our Lady of Walsingham.JPG

Nossa Senhora de Walsingham

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Contemplando a beleza com São Gilberto






           São Gilberto de Sempringham foi um homem fortemente marcado pelo encantamento. Sua vida é um sinal da beleza de Deus. Ele soube recolher em cada situação de sua existência humana os gestos de amor e de ternura de Deus a quem adorava em "espírito e verdade" (João 4,23b). 
             Cada situação vivida por ele era colocada em oração, pois, é somente na oração e nas lágrimas que é possível ter uma abertura de coração suficiente para se poder fazer uma leitura orante de cada realidade vivenciada. 
             A beleza em São Gilberto está alicerçada em sua determinação e abandono que realiza em seu seguimento a Cristo de tal forma que, diante de todas as circunstâncias ao seu redor, ele pôde ser capaz de perceber os sinais da presença viva do seu Senhor. Seu abandono completo na Divina Providência revela que sua vida pertence a Deus. Sempre e por toda parte onde esteve, sobretudo, nos mais difíceis tempos de sua vida, ele compreendeu que sua vida e segurança estavam certamente em Deus.
         Podemos dizer que a experiência de São Gilberto é a mesma de todos aqueles que depositam sua vida em Deus, porque é no coração de Deus que podemos descansar e sentir o aconchego de sua bondade. É um coração que educa para a vida e para os valores essenciais para a radicalidade de vida em movimento em direção a Deus e ao seu Reino revelado em Jesus Cristo.
           A vida é bela e em cada uma de suas etapas é clara a presença amorosa de Deus. Só quem mantém uma profunda intimidade com Deus é capaz de contemplar a sua ação e presença em todas as suas realidades, tanto as felizes quanto as menos felizes. Esta foi uma das características marcante em São Gilberto. Poder contemplar a beleza de Deus e ver resplandecer esta mesma beleza em sua vida. A beleza é o aguilhão que desperta em nós o amor e nos permite, através de uma ascese, termos um encontro místico, inefável e silencioso, no qual deixamos de lado até o próprio pensamento e nos abrimos à presença e ao super-derramamento de Amor do Uno, simples e primeiro.
          Contemplação exige silêncio, interiorização, exige um esforço para colocar-se diante daquele que dá sentido à nossa existência, o Autor de toda a beleza, o Belo em sua essência. Toda esta realidade exige um fazer-se transparente consigo mesmo. Pela contemplação podemos nos elevar ao mais íntimo de nós mesmos, ao verdadeiro. 
          O discípulo de Jesus é alguém que alcançou esta dinâmica de vida porque foi apresentado em seu projeto de vida qual é o desejo de Deus para o homem. São Gilberto compreendeu este projeto.



quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A vida de oração de São Gilberto



           A vida  religiosa de São Gilberto e dos seus cônegos era simples e austera. Da Páscoa da Ressurreição  até 14 de setembro, dia da Exaltação da Santa Cruz, eles se levantavam à meia-noite para a oração do Ofício das Leituras; as Laudes se seguiam imediatamente, então os religiosos retiravam-se para o "Dormitório" e dormiam até ao toque  do sino para despertou-los para a oração. Isso provavelmente seria de cerca de quatro ou cinco horas.
         Durante o resto do ano, não havia descanso permitido após a meia-noite. No intervalo entre as Laudes, o que seria durante cerca de duas horas, e a Oração Média, que não era cantada até que o dia tenha amanhecido, os cônegos ou oravam, ou liam, "sentados todos juntos" em um lugar nomeado pelo anterior . As freiras seguiram a mesma rotina.
         Um biógrafo moderno nos dá uma descrição agradável do que acontecia no coro das monjas na maioria das noites do ano. "Quando as  Matinas eram rezadas pelas religiosas no silêncio da madrugada até que o dia amanhecesse à primeira luz da manhã, via-as sobre os seus joelhos, derramando seus corações a Deus, meditando sobre o adorável mistério da fé, ou intercedendo pelo mundo lá fora, e para os amigos que haviam deixado lá ".
       Não há nenhuma evidência para mostrar o que era a prática Gilbertina que diz respeito à reserva do Santíssimo Sacramento, mas como São Gilberto era um seguidor fiel em muitos casos dos costumes cistercienses , é interessante ler o relato da vida de Santo Estêvão Harding: "O único objeto que os cistercienses com simplicidade era-lhes permitido no altar-mor era um crucifixo de madeira pintada, e sobre ele ficava suspensa a píxide, em que o Santíssimo Sacramento era reservado, com muita honra, em um pano de linho, com uma lâmpada acesa durante noite e dia. "O autor observa que o texto do registro a partir do qual a informação é levada mostra que o Santíssimo Sacramento foi reservado "em local não acessível a todos."
      

São Gilberto: o bem-aventurado em Cristo


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           Quando lemos os Evangelhos de Jesus Cristo deparamos com uma proposta de vida que supera em muito toda e qualquer forma de vida que o mundo possa nos oferecer. Esta proposta de vida é muito concreta e passa por uma série de valores que estão muito acima de uma compreensão meramente humana.
            A proposta de Cristo é uma vida nova que não exclui nenhum tipo de sofrimento e nenhuma forma de contrariedade. É um abandonar-se inteiramente à vontade de Deus e aprender a superar todas as facilidades que a mentalidade do mundo oferece para ganhar e ter vida em plenitude.
           Para esta vida todos os discípulos de Cristo são convidados a entrar e participar. As bem-aventuranças lançam uma meta para a existência humana que lhe dá sentido à vido do ser humano segundo um prisma que supera a superficialidade das coisas que passam.
         São Gilberto aprendeu em sua vida a viver como bem aventurado em Cristo, ele aceitou viver esta forma de vida, aprendeu a dar passos de conversão a cada dia no seu discipulado de Jesus para que a sua meta de vida fosse a plenitude de vida, fosse sua aceitação de Jesus Cristo e fosse por ele conduzido de tal maneira que pudesse participar da vida divina.
           São Gilberto permitiu que a graça sobrenatural do amor de Deus pudesse converter seus caminhos abandonando-se nas promessas feitas por Deus oferecendo-o o seu Reino. E diante deste reino as propostas feitas pelo Senhor foram dando o sentido e o sabor para sua vida a fim de que pudesse discernir perante a relatividade das coisas terrenas e a essencialidade das coisas do céu. 
          Aceitar as bem-aventuranças na vida é aceitar entrar por um caminho seguro que conduz ao Reino dos Céus. São Gilberto permitiu ser conduzido por este caminho e fortalecido pela ação do Espírito Santo pôde ser fecundada a cada dia de sua vida pela força da palavra de Deus, pela Eucaristia, pela vida em comunidade, pela intimidade com o Senhor através da oração, pelos meios de conversão e penitência ir purificando o seu coração e sua mente para poder amar a Deus sobre todas as coisas.
          São Gilberto preferiu ser feliz segundo o reino de Cristo ainda neste mundo em que, chamados à santidade, optamos para que sejamos conduzidos para uma vida plena de sentido e valores que duram e fazem produzir frutos, ajudando a perceber os critérios do mundo e discernindo sobre os mesmos. 


quarta-feira, 5 de julho de 2017

São Gilberto: homem da contemplação e da ação

        


        Quando lemos a vida e a missão de São Gilberto, lemos a ação dinâmica do Espírito Santo que foi conduzindo a ele num equilíbrio perfeito entre a sua ação e contemplação.
      De fato, não podemos olhar nem para um lado e nem para o outro com exclusividade. Isto seria uma negação à ação do Senhor e seria uma negação à própria vida do discípulo missionário de Jesus no mundo e no tempo em que é chamado a viver e dar testemunho de sua pertença ao Senhor
      São Gilberto foi um homem de uma marcante ação pastoral. Ele voltou da França e foi servir junto ao seu bispo e depois foi enviado para a sua terra natal para cuidar das igrejas de seu pai e ali ele exerceu os ofícios de educador e guia espiritual dos seus paroquianos. Sua ação foi muito intensa, sobretudo, com a fundação da ordem e seus priorados para servir a formação à vida consagrada.  
     Mas o que impressiona em sua vida é que enquanto tudo isso vai se desenvolvendo como sua missão específica, vemos um homem completamente marcado pela contemplação. São horas sua intimidade de vida com o Senhor em profunda vida de oração, meditação e contemplação. São horas que ele passa junto do Senhor para que sua ação seja uma evangelização e, sobretudo, seja sua santificação pessoal e de suas comunidades.
     Sem estes seus dois pulmões certamente São Gilberto não teria conseguido realizar na história da Igreja o que pôde realizar. Sem uma ação equilibrada e uma profunda intimidade com o Senhor certamente não seria possível desenvolver tudo o que ofereceu à Igreja em seu tempo e as reformas feitas, tão necessárias para a edificação da dignidade humana, sobretudo, das mulheres e dos mais pobres em seu tempo e lugar.
      São Gilberto foi um homem profundamente ativo no que se refere em viver concretamente sua vocação e ação em favor do anúncio do Evangelho, da construção do Reino de Jesus e ao mesmo tempo foi um homem marcadamente contemplativo, numa necessidade sempre crescente de permanecer diante do Senhor para que fosse animado a viver sua vocação.

A vida devota de São Gilberto





           Como todos os grandes santos, Gilberto praticou austeridades corporais graves. Sua abstinência em matéria de alimentos datava desde os dias de sua estadia no palácio do Bispo, mas aumentou à medida em que o tempo passava. Ele geralmente fazia suas refeições em pé ou de joelhos, só em raras ocasiões ele se sentava. A maior parte de sua comida ele dava aos pobres, para este fim ele mantinha um prato perto de suas mãos para que ele pudesse dar parte de sua refeição.
         Ele nunca permitiu-se o repousar ao meio-dia, embora ele garantisse  por sua regra a outros membros de sua ordem. Além de tomar parte no ofício da noite, ele geralmente continuava em oração até que o dia clareasse.
       Quando, no cumprimento, ele procurava descansar, ele criou para si mesmo um meio pelo qual ele podia mortificar a sua carne. Sua cama estava preparada como os dos irmãos, mas ele raramente estava deitado nela.
      O curto repouso que ele permitia para  seu corpo cansado era tomada em uma postura sentada. Apesar de algumas vezes buscar descansar, ele continuava em sua oração. Às vezes o seu queixo caia no peito, e ele dormia por um espaço de tempo. Em seguida, despertava, ele fazia valer-se à oração de novo, e assim por diante, durante o tempo previsto para repouso.